DRAMÁTICO: EM JOGO DIFÍCIL, JÚLIO CÉSAR, VILÃO DE 2010, VIRA HERÓI E BRASIL ELIMINA O CHILE NOS PÊNALTIS

David comemora o gol que abriu o placar (Foto: Getty Images)

A primeira partida das oitavas-de-final da Copa do Mundo de 2014 prometia. Em campo, no Mineirão, em Belo Horizonte, Brasil e Chile. Seis meses antes da Copa, Luiz Filipe Scolari disse em entrevista, que o adversário que não gostaria de enfrentar no primeiro jogo da fase eliminatória, era o Chile. A seleção chilena fez grandes jogos na primeira fase, confirmando as previsões do técnico brasileiro. E parecia que o chefe sabia que nada ia ser fácil na tarde deste Sábado em Belo Horizonte. O jogo já começou com cara de decisão. A seleção brasileira cometeu as primeiras faltas da partida antes mesmo do primeiro minuto. Aos 5 minutos, o Brasil chegou primeiro, a bola sobrou do escanteio para Marcelo, que bateu e a bola foi para fora. O Chile passou a jogar no campo brasileiro, mas a boa marcação por pressão brasileira impedia qualquer perigo de gol por parte dos adversários. Aos 17 minutos, Hulk cobrou falta e Bravo espalmou pela linha de fundo. Na cobrança de escanteio de Neymar, Thiago Silva desviou e David Luiz apareceu no segundo pau, para empurrar a redonda para o fundo do gol chileno: 1 a 0, festa brasileira no Mineirão e placar aberto. Mas o Brasil passou a ter problemas na criação e viu o crescimento do adversário. Aos 31 minutos, Marcelo cobrou lateral na defesa e Hulk devolveu a bola muito fraca, um erro quando se tem a frente um jogador veloz como Vargas, que com um tapa acionou Alexis Sánchez dentro da área, o craque do time chileno bateu cruzado, sem chances para Júlio César: 1 a 1, empate chileno para incendiar a partida. A resposta brasileira para o gol chileno, veio com o craque. Após cruzamento, Neymar subiu mais que a baixa zaga chilena e cabeceou, a bola desviou em Silva e morreu na linha de fundo. Novamente Neymar, desta vez o atacante recebeu na área, mas demorou pra chutar e acabou dividindo, a bola sobrou para Fred que pegou mal e jogou por cima da meta. O Brasil tentou mais. Daniel Alves soltou a bomba de longe e Bravo fez ótima defesa. Em um erro de Luiz Gustavo, Sánchez saiu na cara do gol, mas Júlio César salvou o Brasil. E o primeiro tempo chegou ao fim.

Sánchez vibra com gol de empate (Foto: Reuters)

No início da etapa final, o Chile veio para o ataque, obrigando Júlio César a trabalhar bem pelo menos duas vezes. O Brasil respondeu em chute de longe de Fernandinho, para fora. Aos 9 minutos, Hulk recebeu lançamento, dominou, e chutou para o gol, mas o juíz Howard Webb anulou alegando que o jogador brasileiro dominou com a mão. E então começou o domínio chileno, que passou a marcar em cima o time brasileiro, obrigando a zaga a rifar todas as bolas. Em jogada de linha de fundo, a bola é tocada para Aránguiz, que chutou para grande defesa de Júlio César. O Brasil apareceu aos 35. Daniel Alves cruzou e Neymar, de cabeça, parou nas mãos de Bravo. Hulk em jogada individual também parou no goleirão chileno. E foi assim até o fim da segunda etapa.

Júlio César defende cobrança de Sánchez (Foto: AP)

Prorrogação. O drama começava a acontecer no Mineirão. O Brasil foi dominado pelo Chile na segunda etapa e não conseguiu evitar o tempo extra. O Brasil começou muito melhor. Pressionando os chilenos, teve chances com Jô e Oscar. Mas foi Hulk, em chute forte de fora da área, que obrigou o chileno Bravo a operar grande defesa. A melhor chance do Chile foi em falta de Sánchez, que foi sobre a meta de Júlio César. Na segunda etapa, Willian veio para a vaga de Oscar. O Brasil tomou iniciativa novamente. Neymar cobrou escanteio e Jô cabeceou para fora. O Brasil manteve a posse, mas o Mineirão parou por um segundo aos 14 minutos. Em jogada de Sánchez, Pinilla recebeu na entrada da área e soltou a bomba, a redonda explodiu no travessão e o coração de cada brasileiro pareceu parar por um segundo. Ramires respondeu em chute de fora da área, para fora. Fim de prorrogação, o teste para cardíacos seguia, a decisão seria nos pênaltis.

E tudo acabou em muita emoção e vibração (Foto: Marcos Ribolli)

Nesta hora, o olhar de cada brasileiro se voltou a um personagem: Júlio César. O vilão de 2010, tinha agora a segunda chance que lhe foi concedida por Felipão, a melhor oportunidade do goleiro que veste a 12, dar uma grande volta por cima. E a volta por cima veio. David Luiz cobrou o primeiro pênalti, o zagueirão deslocou Bravo para um lado e colocou no outro: 1 a 0. Pinilla partiu para a bola, soltou a bomba, mas encontrou um gigante chamado Júlio César: 1 a 0, Brasil na frente. Willian fez quase tudo certo, partiu para a bola, parou a passada, Bravo caiu e o jogador brasileiro teve o canto esquerdo livre, mas tirou muito e jogou para fora. A pressão sobre Júlio aumentou. Sánchez partiu para a bola, colocou no canto esquerdo e lá estava Júlio César, para defender mais um: permanecia 1 a 0. Marcelo cobrou com personalidade, gol do Brasil: 2 a 0. Aránguiz foi para a bola, alta, no ângulo, Júlio ficou parado, não tinha o que fazer: 2 a 1. Hulk partiu para a bola, soltou a bomba, mas como no tempo normal, o atacante parou em Bravo. Díaz cobrou no meio do gol e garantiu o empate: 2 a 2. Era a hora dele. A pressão sobre o camisa 10 era grande e vinha dos quatro cantos do país. Mas Neymar Júnior correu para a bola, deslocou Bravo para um lado e colocou no outro, com muita personalidade: 3 a 2. Na última cobrança, Jara soltou a bomba, Júlio César acertou o canto, mas a trave parou o chileno: Acabou. O Brasil não jogou bem, mas cresceu nas penalidades com Júlio César defendendo duas cobranças e está nas quartas-de-final da Copa do Mundo, para enfrentar a Colômbia, em duro desafio, na próxima Sexta-Feira, no Castelão.